Você
já deve ter ouvido falar que os danos da radiação solar na pele são
cumulativos, ou seja, as consequências podem surgir anos depois. Mas, se
levarmos em consideração os vários tipos de radiação, dá para entender que os
primeiros danos surgem em menos de 20 minutos de exposição solar e, por isso, a
pele fica vermelha. “A radiação UVA é a principal responsável pelo
envelhecimento precoce (manchas e rugas), sendo um tipo de radiação que
atravessa nuvens, vidro e epiderme e penetra na pele em grande profundidade,
até as células da derme – causando os radicais livres e oxidação celular. Entre
os prejuízos: desde lesões mais simples até, em casos mais graves, câncer de
pele. Já o UVB deixa a pele vermelha e queimada, danifica a epiderme e é mais
abundante entre às 10 da manhã e às 4 da tarde.
Essa radiação pode furar o
bloqueio dos filtros químicos e aumentar o risco de cancerização”, comenta a
dermatologista Dra. Valéria Marcondes, membro da Sociedade Brasileira de
Dermatologia. “Mas já sabemos que nos primeiros 20 minutos de exposição solar,
a radiação é capaz de reduzir nossas defesas da pele, em um dano que vai
perdurar”, acrescenta.
Nos primeiros 20 minutos – Nesse período, a pele já começa a sofrer oxidação
por conta dos radicais livres, que geram, conforme a potência dos raios,
vasodilatação, inflamação e vermelhidão. “É importante saber disso, pois a
praia e piscina não são os lugares em que o paciente deve aplicar o
fotoprotetor pela primeira vez. Esse filtro solar deve ser usado no rosto e no
corpo, em casa, ao menos 30 minutos antes da exposição solar direta para que o
produto comece a agir. E sabemos que, em exposição direta, esse período de 30
minutos até o efeito do protetor já é suficiente para ocorrer danos às
células”, afirma a médica.
Após 3 horas – Aquele dano inicial que ocorre antes dos 20 minutos
persiste e se intensifica a partir de três horas, principalmente quando a pele
ainda não está fotoprotegida adequadamente. “A célula começa a ficar mais danificada
e seu material genético sofre, por consequência, mutação, com a troca de
informações de ligação, desestabilizando o material genético”, afirma. “Todo
esse dano ao DNA leva à expressão da proteína P53, que em alta quantidade é
ruim, pois vai gerar deficiência de agentes antioxidantes, genes que vão levar
à morte celular, resultando no envelhecimento”, conta. Além disso, de acordo
com a Dra. Valéria, a formação dessas mutações cria alteração significativa e
irreversível principalmente no melanócito, ou seja, a célula produtora de cor,
que vai continuar por até três horas (por isso a pele fica vermelha), tendo
lesões posteriores e que podem inclusive levar a um processo de cancerização.
“Nós sabemos por exemplo que o melanoma é um câncer de pele extremamente
agressivo com alta capacidade de metástase e é oriundo dessas células que são
os melanócitos”, afirma.
De 48 a 72 horas – O bronzeado, aquele transitório, rosa-avermelhado
ou dourado, ocorre nas primeiras horas depois da exposição solar. “Mas só depois
de 48 a 72 horas é que vamos ter a resposta da produção da melanina, seja ela
castanha enegrecida ou amarela avermelhada, dependendo do fototipo do paciente.
Esse bronzeado vai se depositar na pele como uma resposta fisiológica contra a
agressão sofrida.”
Todo esse processo ocorre quando há a
exposição solar de um dia. Esse bronzeado pode durar até três ou quatro semanas
e depois pelo próprio processo natural de renovação da camada mais superficial
da pele, há uma perda gradual dessa pigmentação. Mas lembre-se: o dano é
cumulativo. “Algo comum nas peles fotoenvelhecidas é a presença das sunburn
cells, as células queimadas pelo sol”, afirma. Segundo a médica, as sunburn
cells estão presentes quando houve a quebra da barreira, ou seja, a pele não
conseguiu se proteger, o filtro solar estava aquém da necessidade para aquele
fototipo, ou o estímulo solar foi prolongado demais, ou não houve a reaplicação
desse filtro solar. “E por conta disso, a pele começa a sofrer uma série de
alterações, todas decorrentes de um primeiro processo inflamatório, onde ocorre
o eritema, a vasodilatação, o aumento da perfusão sanguínea, a sensação de
calor local, depois o processo de ardência e, então, já começam os processos
oxidativos, a formação dos radicais livres e superóxidos que causam um
envelhecimento precoce das nossas células. Além disso, pela exposição solar
contínua, deixamos de ter a defesa imunológica feita pelas células de
Langerhans, e quando isso acontece, nós aumentamos a chance de cancerização da
nossa pele”, alerta a médica.
Por fim, a Dra. Valéria ressalta que o filtro solar deve ser passado na pele do
corpo todo sem qualquer vestimenta, trinta minutos antes da exposição solar e
reaplicado a cada duas horas em média, com uso de chapéu e óculos. “Além disso,
aqueles que querem ir à praia, devem respeitar os horários recomendados que
são: até 10h da manhã e depois das 4h da tarde”, finaliza.
Fonte:
Dra. Valéria Marcondes
Dermatologista
da Clínica de Dermatologia Valéria Marcondes, membro da Sociedade Brasileira de
Dermatologia com título de especialista e da Academia Americana de
Dermatologia. Foi fundadora e é membro da Sociedade de Laser. www.valeriamarcondes.com.br
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