Dentre as diversas estatísticas sobre as doenças que mais
acometem o universo feminino, existe uma preponderante e que costuma tornar sua
jornada diária bastante difícil: a da enxaqueca crônica. Segundo a Sociedade
Brasileira de Cefaleia, para cada homem há três mulheres convivendo com a
doença. Um número importante, cujas consequências atingem não apenas a saúde
das mulheres, mas também suas atividades sociais, familiares e profissionais.
Segundo a
neurologista Elza Magalhães, o principal fator para o maior índice de enxaqueca
nas mulheres é o hormonal. “Ao longo da vida as mulheres passam por mudanças
significativas que fazem seus hormônios oscilarem, como menstruação, gravidez e
menopausa, e que embora possam acontecer de forma diferente em cada mulher, em
geral essas transformações interferem no limiar de dor e facilitam as crises de
dor de cabeça”, explica a neurologista.
O hormônio
responsável por estas interferências é o estrogênio, que está ligado à
estimulação do sistema nervoso central. E é justamente na menstruação que ele
se intensifica.
Embora as
oscilações deste hormônio, de forma geral, sejam responsáveis pelo
desencadeamento das crises, a médica relata que durante a gravidez pode
acontecer de os episódios de enxaqueca diminuírem ou até mesmo cessarem, uma
vez que a produção de estrógeno cai para a predominância da progesterona –
hormônio que atua como calmante dos estímulos cerebrais. Na fase da amamentação
é a prolactina, hormônio produtor do leite, que pode interferir nas crises.
Como cada
caso é um caso, a especialista orienta a manutenção do acompanhamento médico
especializado, inclusive durante a amamentação. Ela destaca também o fato de as
mamães com bebês recém-nascidos dormirem pouco e como a privação de sono é um
dos fatores facilitadores de crise, elas podem se intensificar nessa fase.
“Como nesse período a mulher tem restrições para a ingestão de medicamentos, é
importante que ela seja vista de perto pelo ginecologista e neurologista – sem
se esquecer do neonatologista, especialista que consegue avaliar qual
medicamento a mãe pode ingerir sem interferir na segurança no bebê”.
O processo
hormonal durante a menopausa é semelhante ao da gravidez, em que o organismo
passa a produzir menos estrogênio, reduzindo as crises. Mas se a mulher
faz tratamento de reposição hormonal, suas crises podem perpetuar.
Paralelo aos
fatores hormonais, Dra. Elza ressalta outro componente importante que tem feito
com que as mulheres aumentem as estatísticas da enxaqueca crônica, que é
sobrecarga de atividades e maior exposição a situações de estresse e ansiedade,
desencadeadores comprovados de dor de cabeça. Não raro, também comem e dormem
mal.
Sendo assim,
dentre as recomendações para prevenção e até tratamento da enxaqueca, a mudança
comportamental aparece como determinante, conforme sugere a neurologista como
uma prática a ser realizada regularmente:
• Priorizar o
sono com qualidade e obedecer a uma rotina de tempo, com hora para início e
término;
• Praticar
exercício físico de forma regular;
• Praticar
atividades de lazer que proporcionem relaxamento;
•
Alimentar-se de forma equilibrada;
• Beber
bastante água;
Importante
salientar que todas as alternativas acima não substituem a consulta regular com
um neurologista, que mediará terapias medicamentosas profiláticas (preventivas)
e de contenção das crises.
Dentre as
linhas de tratamentos aliadas à medicação prescritas pelo médico e reconhecidas
cientificamente já alguns anos, encontra-se a toxina botulínica A, que atua no
bloqueio de neurotransmissores ligados ao mecanismo de dor.
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