Ao longo da semana, uma personagem voltou a ser o centro das
atenções das conversas em grupos de WhatsApp entre pais preocupados com a
segurança dos filhos. A boneca Momo, criada pelo escultor japonês Keisuke Aiso,
de 46 anos, foi alvo de boatos que se espalharam junto com o medo e a
desinformação.
A corrente de pânico gerada pelas confusas notícias espalhadas
pela internet, inclusive por pais, levantou questionamentos sobre a veracidade
do tal ‘desafio Momo’. Até o momento, diversas autoridades de países como EUA,
Brasil e Canadá não confirmaram casos de suicídio ou tentativa de mutilação
corporal de crianças relacionados ao personagem, que supostamente apareceria
escondido dentro dos vídeos da plataforma YouTube Kids.
No último fim de semana, circulou na imprensa e nas redes a
notícia de que uma mãe mostrou a foto da boneca para a filha e que, segundo ela,
a criança teria reconhecido a personagem e chorado com medo. O pânico ficou
instaurado e muitos outros pais relataram que também mostraram a imagem de Momo
para os seu filhos, causando crises de choro e apreensão.
Com a imagem prejudicada após os recentes casos, o Google,
empresa que administra o YouTube, informou que não
conseguiu confirmar os indícios de que a Momo estaria presente em vídeos dentro
da plataforma infantil da companhia.
Para analisar as causas e consequências do medo gerado pelo
caso da boneca Momo, e como isso pode trazer mudanças comportamentais em pais e
crianças, conversamos com a psicóloga Talita Lopes. Ela nos ajudou a traçar
caminhos para conversar com os pequenos sobre situações vividas nas redes.
Sempre aposte nos diálogos
Segundo a psicóloga, o ideal é minimizar traumas. Ver a
imagem da boneca não necessariamente vai deixar sequelas emocionais
significativas, mas é fundamental entender que a exposição à algo que remeta ao
medo, como a imagem da Momo, pode gerar sensações de pânico e insegurança para
a criança.
O diálogo é fundamental! Deixe o pequeno conversar com mais
naturalidade em um ambiente confortável, sem que ele se sinta confrontado ou
que pense que fez algo de errado. “Não precisa de exposição à violência. Elas
vão conduzir e demonstrar os sentimentos de uma maneira melhor ao sentirem
segurança no ambiente e na voz dos pais”, explicou Talita.
Durante a conversa, é importante alertar que se ele viu
alguma coisa que lhe causou medo ou desconforto, ele deve conversar com os
pais. É possível falar sobre o assunto sem deixá-los assustados ou
impressionados, sempre usando o diálogo.
Não retire aparelhos eletrônicos, mas monitore com atenção
Na teoria, o YouTube Kids é um espaço seguro para ela – em que
os pais podem excluir conteúdos inadeuqados-, onde a criança assiste aos seus
vídeos e interage com os desenhos animados preferidos. Quebrar essa ideia
abruptamente, ao retirar aparelhos eletrônicos do convívio dos pequenos, pode
deixar muitas dúvidas sobre o uso do espaço virtual pelos menores.
Talita lembra que a criança pode ter acesso à outros
dispositivos móveis na escola ou na casa de amiguinhos, o que não eliminaria
todo e qualquer risco apenas retirando os aparelhos dentro de casa. “É preciso
restringir o acesso delas a conteúdos infantis, apenas. Não deixe as crianças
sozinhas com tablets e celulares, principalmente com fones de ouvido, sem a
supervisão de um adulto”.
Em um mundo conectado e com acesso à internet de diversas
maneiras, tirar o acesso delas às redes não é saudável. A criança está em uma
fase em que ela está crescendo e aprendendo sobre o mundo, e a internet auxilia
na educação. Mas é preciso de um horário exclusivo de acesso que seja restrito
e delimitado.
Verifique informações, não espalhe fake news e procure
ajuda, se for preciso!
Repassar informações duvidosas e que não tenham sido bem
apuradas tem a tendência de deixar as coisas fora do controle e ser prejudicial
para muita gente. Os pais fazem viralizar o medo nas crianças e entre outros
responsáveis com apenas uma postagem. A ideia é não repassar as informações com
o intuito de alarde e sempre verificar outras fontes para entender mais sobre o
assunto.
Se você e a criança se sentem inseguros, procurar ajuda de
um especialista pode ser importante para retomarem a confiança e ser mais fácil
lidar com as situações vividas. “Uma psicóloga infantil ou psicóloga da família
pode trabalhar com esse assunto. A ideia é o núcleo familiar descobrir isso em
conjunto, fica mais fácil para todos”, disse Talita.
Por Felipe Maciel site MdeMulher
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