Nos últimos anos, a saúde ganhou campanhas nacionais e mundiais com foco na prevenção, diagnóstico e tratamento de diferentes doenças. Para marcar um mês inteiro de conscientização, essas campanhas são acompanhadas por cores. Contudo, a intenção não é apenas o calendário colorido de saúde, mas principalmente o alerta sobre os riscos das doenças quando não tratadas. Neste sentido, em abril comemora-se o Abril Marrom, que surgiu em 2016 reforçando medidas para conter a evolução dos casos de cegueira que crescem a cada ano.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a cegueira é problema que atinge atualmente mais de 1,2 milhão de pessoas no Brasil. Considerando que 80% dos casos de cegueira são evitáveis e/ou tratáveis, significa que quase 700 mil brasileiros cegos poderiam estar enxergando caso tivessem sido tratados a tempo.
Segundo o médico oftalmologista e secretário-geral do Conselho Brasileiro de Oftalmologia, Dr. Cristiano Caixeta Umbelino, “são muitos os fatores para o desenvolvimento da cegueira e pacientes que são acometidos por doenças sérias, sem o conhecimento necessário, acabam por negligenciar hábitos, sintomas e tratamentos, que incorrem nas consequências da perda da visão, que infelizmente é bastante comum”.
Dentre algumas das doenças que causam a cegueira estão a catarata, o glaucoma e a retinopatia diabética, que precisam de acompanhamento médico regular e terapias especificas para controlar a sua evolução, baseadas em colírios, laser, cirurgias e tratamento farmacológico intravítreo.
Catarata - Doença caracterizada pela opacificação do cristalino que atrapalha a entrada de luz nos olhos, acarretando em diminuição da visão. A catarata pode ser classificada como secundária ou senil. A primeira pode estar relacionada a fatores tanto oculares quanto outros problemas de saúde; a segunda ocorre devido ao envelhecimento natural do cristalino, pela idade.
Por se tratar de uma doença progressiva, somente a facectomia, cirurgia de substituição do cristalino, gera resultados efetivos e definitivos para a recuperação da visão.
Ao notar qualquer sinal de embaçamento na visão, dificuldade para dirigir à noite por conta do brilho dos faróis, visão com feixes de luz, é necessário buscar ajuda do médico oftalmologista.
Glaucoma – É caracterizada por danos no nervo óptico causada, especialmente, pelo aumento da pressão intraocular (PIO) e que pode levar à cegueira. Como o nervo óptico é o responsável por levar as informações ao cérebro, qualquer dano nessa região pode interferir na qualidade da visão.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que 1 a 2% da população acima de 40 anos é portadora de algum tipo de glaucoma, que leva à cegueira irreversível.
A doença não apresenta sintomas iniciais e por isso a visita regular ao médico oftalmologista é importante.
Retinopatia Diabética - Doença complexa e progressiva que afeta os vasos sanguíneos do olho, podendo levar a perda parcial ou total da visão.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes, o diabetes atinge mais de 13 milhões de brasileiros, com evoluções para outras comorbidades, incluindo a retinopatia diabética.
A doença se dá pela disfunção nos vasos que levam sangue e oxigênio para as células da retina. Esses frequentemente se rompem ou extravasam sangue causando hemorragia e infiltração de gordura na retina. Pode também ocorrer um acúmulo de líquido e de proteínas na região da mácula, levando a formação do edema macular diabético. Todas estas alterações podem levar a perda parcial ou total da visão.
A retinopatia diabética também não apresenta sintomas no início. Porém, em estágio avançado, podem surgir alterações visuais súbitas e indolores. Para não alcançar este estágio, é importante que os portadores de diabetes visitem um médico oftalmologista para realizar o mapeamento da retina, além de consultar o endocrinologista para controle do diabetes.
Os tratamentos são indicados de acordo com cada estágio. Para controle da doença sistêmica de base, o diabetes, é importante adotar hábitos alimentares saudáveis, atividades físicas e medicações especificas para controle da glicemia, enquanto para tratar a retinopatia diabética as terapias podem variar desde medicamentos administrados diretamente dentro do olho (injeções intravitreas de dexametasona – já presente no ROL da ANS para cobertura dos planos de saúde – ou anti-VEGF), fotocoagulação a laser e cirurgia ocular.
Atualmente, a medicina tem evoluído também no desenvolvimento de medicações inovadoras que combinam mais de um príncipio ativo em um único colírio, facilitando a aderência do paciente ao tratamento.
Para o Dr. Caixeta, datas temáticas como o Abril Marrom são importantes para conscientizar a população sobre os cuidados necessários com os olhos e os perigos das doenças a que eles estão suscetíveis, e com isso gerar mudanças de hábitos. “Ninguém deseja ter problemas de visão, porque isso compromete muito a qualidade de vida do paciente, mas infelizmente é comum acharmos que não acontecerá conosco. O fato é que muitas destas doenças têm tratamento, portanto exames oftalmológicos e aderência do paciente são fundamentais.”
Dr. Cristiano Caixeta Umbelino (CRM-SP 96458) - Dr. Cristiano Caixeta Umbelino (CRM-SP 96458) - Mestrado em Medicina - Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2007). Tem experiência na área de Medicina, com ênfase em Oftalmologia. Especialista em Oftalmologia concedido pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia em 2002. Foi diretor tesoureiro da Sociedade Brasileira de Glaucoma de 2011 a 2015. Vice-presidente do Centro de Estudos Jacques Tupinabá ligado ao Departamento de Oftalmologia da Santa Casa de São Paulo de gestões 2012 - 2014 e 2014-2016. Diretor tesoureiro do Conselho Brasileiro de Oftalmologia na gestão 2015 – 2017 | Atualmente ocupa o cargo de chefe da seção de glaucoma - Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, diretor Sociedade Brasileira de Glaucoma, Secretário-Geral Conselho Brasileiro de Oftalmologia
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