PUBLICIDADE

0 HISTÓRIA DE AMOR: Com a chegada de 2019, mãe relembra dias vividos com seu bebê em UTI em Palmas e planeja o futuro


A mãe e advogada Joyce Jatielle Parente Mascarenhas Pacheco, moradora de Palmas, tem motivos de sobra para celebrar a chegada de mais um ano ao lado de sua pequena Linda, que completa dois aninhos na próxima semana. Aos dois meses de vida, a criança precisou ser internada na Unidade de Terapia Intensiva da Intensicare, no Hospital Oswaldo Cruz, na Capital, após ter sido acometida por uma pneumonia grave. Entrando em 2019 cheia de planos para o presente e o futuro, Joyce conta o que passou com a filha na UTI e avalia que é preciso, antes de mais nada, agradecer às experiências vividas, por mais difíceis que tenham sido.


“Muitas mães passam a vida toda vivendo a maternidade sem ter a total noção do tamanho do amor que sentem pelos seus filhos. A gente vai vivendo naquele piloto automático e passar por tudo isso que eu passei na UTI é um presente, para você ter a noção do quanto você ama. Minha maternidade foi marcada para sempre naquelas lágrimas, naquela raiva, no desespero, no medo e no apoio que recebi. Sentir na carne tudo isso me deu uma noção real do que eu sinto pela Linda, me fez tocar esse amor. A experiência foi transformadora. Claro que eu não gostaria de passar de novo por isso, mas de uma certa forma a gente chega a agradecer pelo aprendizado ímpar”, explica.
Joyce e o marido, o médico veterinário Isaac Avelino Pacheco, ficaram noivos 22 dias após se conhecerem, se casaram um ano depois e tiveram a Linda após três anos de casados. “Quando eu engravidei fui começando um processo de estudar sobre a maternidade, mergulhei nesse mundo, e quando ela nasceu eu decidi parar tudo para cuidar dela, porque eu não conseguia abrir mão de estar com a Linda. Eu voltei a trabalhar agora, mas por mim não voltaria. Essa intensidade da maternidade ficou maior após a passagem da Linda pela UTI. Não sei dizer se isso influenciou diretamente a minha postura, minha entrega, minha paixão em ser mãe e nem como eu seria se nós não tivéssemos passado por isso”, conta Joyce.
Linda nasceu no dia 9 de janeiro de 2017 e antes mesmo de ter o cordão umbilical cortado já foi entregue aos braços da mãe para o primeiro contato entre as duas, através da amamentação, ainda na sala do parto. A família levou o bebê para casa e 58 dias após o nascimento a pequenina ficou gripada. No hospital infantil público da Capital, onde uma amiga médica fazia o plantão, exames detectaram que Linda havia sido acometida por uma pneumonia severa.


“A Linda foi um bebê que não chorava para nada, nem para nascer. Isso me faz pensar sempre que não ter chorado na hora do parto parece ter deixado o pulmão dela mais fragilizado. Ela precisou tomar antibiótico e foi internada no hospital infantil, onde havia equipes de plantão, mas com o hospital sempre cheio na época, no começo de 2017, nós tivemos que ficar em uma maca no corredor e eu queria levá-la para outro lugar, onde ela tivesse um atendimento mais especializado. Percebi que ela foi piorando cada vez mais e no quarto dia internada ela teve um acesso de tosse que durou 40 minutos. Após uma medicação que ela recebeu, ela sofreu uma reação alérgica e eu vi que eu estava perdendo minha filha, que já nem respirava. Tive nessa hora um contato direto com a morte”, relembra Joyce.
A mãe da pequena conta que no hospital infantil ela conheceu a neonatologista Neide Brito, que atualmente é a coordenadora técnica da UTI Neonatal da Intensicare no Hospital e Maternidade Dona Regina. “Naquele momento a doutora Neide salvou a vida da minha filha. E depois ela me orientou a buscar uma vaga para a Linda na UTI da Intensicare no Oswaldo Cruz, que mantinha a UTI Pediátrica na época. A Linda foi encaminhada à UTI pelo Samu, meu marido a acompanhou, porque eu não conseguia ir. Eu achava que ela ia morrer a caminho do hospital e eu não ia conseguir ver isso acontecer. Quando nós chegamos na UTI começou o meu contato com outra realidade. Eu não tinha noção do que era esse tipo de atendimento. Uma equipe enorme estava do lado de fora esperando a Linda. Nós vimos todos eles focados nela e eles entraram com ela na UTI. Veio o psicólogo da Intensicare, eu estava sentada no chão, desesperada, e ele se abaixou até onde eu estava, olhou nos meus olhos e disse: ‘eles estão conhecendo o que aconteceu com sua filha e farão de tudo para salvar a vida dela. Quando ela estiver estabilizada eles falarão com vocês. Agora é eles com ela’. Depois de tantos dias de angústia, aquilo me tranquilizou, porque ela estava no lugar certo. Meia hora depois o psicólogo voltou e nos levou, eu e o Isaac, até os médicos”, afirma Joyce.


A passagem pela UTI
A mãe da Linda conta que entrar na UTI era como adentrar outra realidade. “Me dava a sensação de que eu saia de um mundo lá fora, de muitas vozes, e ouvia só uma voz por vez. Uma voz séria e honesta, que me dizia que era muito difícil o caso da Linda, que minha filha estava com o pulmão bastante lesionado, mas que eles iam fazer de tudo por ela. Eu não precisava mais chorar, agora era esperar e lutar ao lado dela. À noite a Linda teve um avanço significativo e no dia seguinte era a visita ao hospital. Eu não conseguia ir, não conseguia ver meu bebê na UTI, mas o Isaac entrou e toda a equipe da Intensicare disse a ele que a Linda precisava da minha presença. No segundo dia eu acordei uma leoa e decidi que ia lutar junto com a Linda. Fui à UTI e disse: ‘filha agora somos nós duas. Nós vamos sair dessa’”, conta, emocionada.
Por quase um mês, Joyce ficou na UTI, ao lado da filha, todos os dias, de 8h às 20h. “Ver seu filho na UTI é bem impactante, mas eu fui instruída desde o começo pelo psicólogo da UTI, o Sérgio. Ele virou meu guru, tudo eu perguntava e ele tinha um disposição ilimitada, era incrível. A equipe me ensinou a reservar minha forças e a passar por tudo aquilo”. 
O pediatra da Intensicare, o médico José Maria Sinimbú Filho, foi outra referência para Joyce durante todo o processo. “O nome dele surgia na minha vida desde antes da gravidez, de pessoas que me indicavam ele como pediatra, muito elogiado. Nos primeiros dias da internação da Linda na UTI chega o doutor Zé Maria. Eu estava esperando um senhor de idade e vejo aquele rapaz. Quando ele chegou e se apresentou eu senti um aconchego e disse: ‘eu tinha que chegar até você’. Ele veio até nós após passar de leito em leito, sem pressa, ouvindo cada uma das mães que estavam ali com seus filhos, fazia elas rir, e então seguia para outro leito. Ele nos explicava tudo sobre a Linda, tirava nossas dúvidas o dia todo, até pelo telefone, e os dias foram passando”, conta Joyce.
Cuidado e dedicação
Ao relembrar toda a experiência vivida na UTI da Intensicare, Joyce destaca o profissionalismo e a atenção que os profissionais dedicaram a sua família. “Nas duas primeiras noites foi difícil deixar a Linda e ir para casa. Na terceira noite eu já queria ir descansar, porque eu passava o dia todo com ela e na hora de ir embora eles deixavam eu me despedir dela e voltar e me despedir de novo, e ouviam todos os meus pedidos e orientações de mãe. Houve um momento muito difícil na UTI, quando a Linda teve uma grande melhora e foram retirá-la da intubação. Eles me davam muito espaço para estar presente em todo o tratamento da Linda, me pediam para conversar com ela, cantar para ela e dizer que ela ia ficar bem. Algum tempo após a extubação a Linda começou a ficar agoniada e teve que ser intubada outra vez, por mais 10 dias. Eu fraquejava e me fortalecia várias vezes, já estava calejada, e demandei muita atenção do psicólogo e do doutor Zé Maria. Eles tinham tanta paciência e conversavam tanto comigo, não tinham pressa. Eles cuidavam de mim como se eu também fosse a paciente ali. Eles diziam que eu era a fonte, a fortaleza que a Linda precisava para ajudá-la a sair da UTI”, explica Joyce.
A mãe da pequena Linda revela que os últimos dias da internação foram terapêuticos para ela. “A equipe me preparou para lidar com a Linda após a UTI, me orientou sobre como proceder em uma eventual gripe ou tosse que ela viesse a ter depois disso, tirou todos os meus medos, me ajudou com a amamentação, que eu já estava perdendo meu leite, após tantos dias com a Linda internada, sem poder mamar. Eles nos deram alta somente quando a minha filha estava 100% pronta para ir para casa. Ela foi para casa completamente saudável e eu também, porque depois de tantas orientações e apoio eu não tinha medo de mais nada, eu dormia bem à noite. Eles não prepararam só a Linda para a vida após a UTI, eles me prepararam também. Saímos da UTI para viver sem medos. De lá pra cá a Linda brinca, corre, se alimenta bem, entra na água, toma banho de chuva. Ela até gripou depois, mas sem problemas. Ficou uma amizade com o doutor Zé Maria e quando a Linda fica doente eu falo com ele e ele me ajuda sempre”, diz Joyce.
Maternidade e o valor da vida
Para as mães que passaram a virada de ano ao lado de seus filhos na UTI, lutando pela vida, Joyce deixa uma mensagem de força e amor. “Naqueles dias na UTI eu parei de contemplar a minha dor e entendi que minha filha precisava de mim, acima de tudo. E esse precisar não é injusto com as mães, não é demandar demais da gente, é dar sentido e significância na nossa vida. E o nosso significado como mãe é manter essa vida com o amor, que é uma energia tão forte, mais forte que os antibióticos. Meu conselho para as mães que estão com os filhos na UTI é: não desistir, nem um dia, de sorrir, de passar otimismo, alegria. Não se entregar para a dor e tentar manter sempre a esperança”.
Após vencer tantas dificuldades nos primeiros meses de vida, Linda começa seu 2019 com alegria, já aprendendo a andar na bicicleta sem pedal e frequentando a escolinha. “Eu vejo a Linda crescendo todos os dias e às vezes agradeço por ter passado por isso, porque eu sei que não há problema que seja grande demais. Se o nariz dela não estiver escorrendo, se eu olhar o hemograma dela e ela estiver bem, pronto. Não tem problema financeiro, amoroso ou pessoal que me tire o sossego. E essa nossa experiência na UTI me ensinou isso e me mostrou o valor da vida e da saúde. Ser mãe é um altruísmo sem limites e é muito bom descobrir que você existe para um propósito de verdade, que você tem uma função muito importante e vital. Na UTI, principalmente, você encontra todo o sentido da maternidade. Porque ali o filho precisa da gente, do nosso amor, da nossa força, do nosso contato. A gente continua mantendo aquela vida ao passar a força até quando não temos. Sou muito agradecida por tudo que vivemos na UTI”, finaliza Joyce.


0 comentários:

Postar um comentário

Coisas da Erica Lima © Copyright 2012.|TODOS DIREITOS RESERVADOS| Feito porLaysa layout.
;