Pesquisadores da Universidade de Massachusetts criaram uma
substância química capaz de estimular a pele a
produzir melanina (o pigmento natural do corpo humano) mesmo sem ser exposta ao
sol. O truque funciona até com quem não tem predisposição genética para ganhar
“um bronze” – e costuma ficar vermelho como uma lagosta após um dia na praia.
“Eu não diria
que o método é bronzeamento artificial. O bronzeamento é de verdade, só que sem
sol”, afirmou ao jornal britânico The Guardian David Fisher, líder
da pesquisa.
O produto já
foi testado e aprovado em ratos e em amostras de pele, e os testes clínicos, em
seres humanos reais, estão para começar. A técnica sem dúvida é um avanço em
relação ao laranja fake característico de Donald Trump, mas os pesquisadores
afirmam ter uma motivação bem menos fútil para desenvolvê-la: melhorar a
resistência ao câncer de pele em
pessoas que são brancas demais para o próprio bem.
No artigo científico, os cientistas descrevem os efeitos do
inibidor de SIK, nome da molécula mágica, em um ratinho de laboratório ruivo (e
depilado): a pele debaixo dos pelos ficou negra como nanquim – difícil mesmo é
controlar a dose.
Em mamíferos,
o principal gene responsável por estimular a produção de melanina se chama
MC1R. Em pessoas de pele muito clara, ele carrega uma mutação que o torna
incapaz de desencadear os processos químicos que escurecem a pele. A aplicação
do inibidor diretamente sobre a pele, como foi feito com as cobaias, impede o
gene de se manifestar, e permite que o corpo escureça a si próprio por alguns
dias, mesmo sem exposição à luz.
O método é
reversível – em no máximo uma semana a pele volta à cor normal – e, quando
estiver pronto para aplicações comerciais, deverá ser usado com pouca
frequência e em parceria com o protetor solar.
Segundo os
pesquisadores, os protetores disponíveis atualmente não são tão eficientes
contra formas mais agressivas de câncer de pele quanto o bronzeado natural que
algumas pessoas, por razões genéticas, são capazes de adquirir com maior
facilidade. Quando essas pessoas usam protetor, elas acabam inibindo a própria
produção de melanina e impedindo o corpo de colaborar com a proteção.
Estimular a produção de
melanina antes da exposição ao sol, portanto, cria de antemão uma barreira
contra complicações que protetores tradicionais não podem impedir. “O filtro
solar é muito importante, e ele definitivamente protege, mas sua eficácia
contra o melanoma e
carcinoma basocelular é incompleto de uma maneira frustrante”, afirma Fisher.
“A pele de pessoas que ficam bronzeadas com facilidade é mais protetora que
qualquer FPS.”
Fonte: Revista
Superinteressante
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