Para quem não sabe, a primeira edição dos Jogos Mundiais dos Povos Indígenas tem movimentado Palmas, minha linda cidade, está semana. Além da grande integração de culturas, o tema moda também esteve presente no local. Por isso apresentou hoje a história de uma Pataxó, etnia existente na Bahia.
Ludmila Pataxó tem 22 anos e um sonho: ser estilista. Enquanto não realiza o sonho de cursar Designer Gráfico em Salvador (BA), ela já se aventura no mundo da moda vestindo as indígenas de sua aldeia. Durante os I Jogos Mundiais dos Povos Indígenas todos puderam conferir o seu trabalho durante a Mostra Cunhã Porã, realizada na noite de sábado, 24, e nesta quinta, 29, pela manhã, exclusivo para imprensa.
Ela mesma desenha, costura e borda as roupas, utilizando elementos da natureza: sementes, fibras, penas, entre outros. A pintura corporal e os adereços, como colares, cintos e brincos, ajudam a compor o look.
As roupas utilizadas na mostra foram feitas em 2013 durante uma edição dos Jogos Indígenas de Porto Seguro. São saias e vestidos de algodão. “Quando fiz estava frio lá, mas faço roupas para o dia a dia, mais leves, sempre com foco nos elementos da natureza”, diz Ludmila, contando que foi em 2013 que ela teve a oportunidade de mostrar seu trabalho, que foi aprovado pelas indígenas de sua aldeia e de lá para cá os pedidos só aumentam. “Sempre gostei muito de artes, de desenhar e aí comecei a pensar em modelos de roupas, fiz os primeiros e não parei mais. O objetivo não é vender as peças, é mostrar meu trabalho”, ressalta.
A designer de moda Pataxó mora na Reserva Jaqueira, em Porto Seguro (BA), bem distante da capital Salvador, onde tem um curso afim, mais próximo. “Sou casada e tenho uma filhinha de quatro anos, não vou deixar minha família e passar quatro anos fora fazendo o curso. É muito longe. Mas um dia vou realizar meu sonho”, espera Ludmila que levou para passarela dos JMPI oito modelos de roupas diferentes.
Diversidade
A diversidade das vestes indígenas pode ser conferida em todos os espaços da Vila dos Jogos. Apenas contemplando a beleza do que elas vestem, ou até mesmo, adquirindo algum adereço com artesãos presentes ou marcando o corpo com pinturas características dos povos.
Penas, fibras, miçangas, palhas e sementes são materiais adotados pela maioria das etnias brasileiras, e são aplicados em saias, colares e cocares. Os corpos pintados recebem outros adereços como faixas coloridas (walari) nos braços e pernas, como as usadas pelas Lowia Karajá, 14 anos, e Aritxawaki Karajá, 20 anos. Lowia ainda usa uma espécie de topete no alto da cabeça que marca a transição da fase criança para moça, devendo mudar o corte de cabelo somente após casar-se.
Fotos: Júnior Suzuki
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