No último final de semana, 20 e 21, a
comunidade do Mumbuca e outras vilas quilombolas da região do Jalapão
celebraram o início da colheita do capim dourado. Um marco para essas pessoas
que sobrevivem do artesanato feito com a planta, principal produto da economia
das vilas.
Todos os anos, a partir do dia 20 de
setembro, segundo norma do Naturatins – Instituto Natureza do Tocantins, os
artesãos saem para colher o capim, respeitando as regras vigentes desde 2007.
Cada família colhe em média 30 quilos da planta por temporada, que dura até
novembro.
A Festa da Colheita está em sua 5ª edição
oficial, mas já é comemorada há vários anos na comunidade do Mumbuca, onde 54
famílias – cerca de 200 pessoas – colhem, armazenam e fabricam peças a partir
do capim dourado. A colheita é realizada por homens, mulheres e até crianças,
eles chegam a ficar mais de uma semana acampados no cerrado para colher.
O material colhido durante pouco mais de um
mês será utilizado o ano todo. As vendas do artesanato são realizadas pela
Associação dos Artesãos e Extrativistas do Povoado Mumbuca e, segundo a
secretária da associação, Leia Gomes, os lucros são divididos entre os
associados. “O capim dourado significa tudo pra nós, é a fonte de renda que a
comunidade tem”, afirma.
Entre as lideranças da comunidade está
Noemi Ribeiro, aos 56 anos e filha de dona Miúda, a senhora de sorriso fácil é
conhecida como Doutora e muito respeitada pela comunidade. Ela lembra da
importância de celebrar a chegada da época da colheita e de preservar a cultura
quilombola. “Temos obrigação de ensinar nossas crianças a cuidar e trabalhar
com o capim”.
Em meio a festa, os turistas também se
esbaldam com a tradição do povoado. A japonesa Yasuko Owa, já esteve no Jalapão
por duas vezes e não por acaso marcou a viagem justo durante a temporada de
colheita do capim dourado. Owa vende produtos fabricadas por artesãos
tocantinenses há 3 anos. “Meu público é exigente e as peças que compro aqui tem
beleza e qualidade”.
Regulamentação
da colheita
A colheita do capim dourado é realizada
seguindo os parâmetros regulamentados pela portaria nº. 362, de maio de 2007, do
Naturatins. O documento prevê medidas que padronizam a coleta e a manipulação
do capim dourado, de modo que uma série de regras e cuidados sejam respeitados
com o manejo sustentável. Apenas associados que possuam documentos expedidos
pelo órgão ambiental podem colher a planta.
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